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domingo, 24 de julho de 2011

Os brasileiros, Os Axiomas de Zurique e os Riscos

Bandeira Suíça
                                               
                                               Ora, ora e ora, é verdade que não temos educação financeira, como afirmamos categoricamente no texto Minha Casa, Minha Ruína? Sim, talvez não, é necessário matar a cobra e mostrar o pau, na tese, na antítese e, por fim na síntese. Tentarei o impossível.

                                               Usarei um manual, um manual suíço que realmente me convenceu que não temos a chamada educação financeira, só depois de lermos este livro é que compreendemos a quantas anda o mundo do dinheiro. Se você tem qualquer poder, mesmo como porteiro do edifício, enfie debaixo do braço O Príncipe de Maquiavel. Se tem dinheiro ou quer manter o pouco ou, mesmo se quer ficar rico durma com Os Axiomas de Zurique, os conselhos dos banqueiros suíços para orientar seus investimentos, de Max Gunther. Este livro é o mais recomendado por aqueles que investem em ações ou estão começando neste mundo complexo e cheio de armadilhas. É um best seller no planeta terra. Li o livro, se for bem interpretado ele serve tanto como um manual de investimentos em ações e até para a nossa vida no dia a dia, rompe com ideias duras que temos em relação aos negócios. Por outro lado, todo mundo ganha dinheiro, o mais difícil é conservá-lo, não tem como segurá-lo. Aliás dinheiro também é poder, então é melhor ficar com as duas obras, com Maquiavel e Max Gunther. O brasileiro não gosta de meditar muito sobre dinheiro, um erro, já que o dinheiro é o oxigênio da sociedade. Com o seu ou com o do outro ou com o do governo e assim que  vivemos, com pouco ou muito dinheiro. No livro encontramos doze axiomas maiores e dezesseis axiomas menores, os quais tentaremos espiolhar com humor e ceticismo neste blog. Diria que os doze axiomas são como dogmas do investidor agressivo e que corre riscos sopesados.


                                             Max Gunther no início do livro diz que a sua terra natal, a Suíça é um quebra-cabeça pois é um país sem um centímetro de litoral, com uma área menor que o Estado do Rio de Janeiro, com terras praticamente imprestáveis, sem minério e, por outro lado, os seus habitantes são os mais ricos do planeta. No final, conclui que os suíços são ricos por serem os maiores especuladores ou jogadores do mundo na área económica. Explica que os axiomas nasceram em um clube suíço que operavam em mercadorias e ações do qual o seu pai o Sr. Friedrich Heinrich, conhecido por Fritz Henry, foi um dos fundadores. Este clube nasceu após a segunda guerra mundial.


                                                    Ora, ora e ora Max Gunther, também gosto da Suíça e já fiz os meus estudos. Não devemos negar que os suíços são bons especuladores, só que a Suíça não é só especulação, a Nestlé é de lá. Os relógios são maravilhosos, principalmente, os incrustados com pedras preciosas; não podemos esquecer dos chocolates, e outras mercadorias. Conseguiram ficar
"neutros" na primeira e segunda guerras mundiais, o melhor há trezentos anos não participam de nenhuma guerra. Deverasmente, não produzem à farta e à saciedade milho, ferro, ouro, soja, carnes e jogadores de futebol como o Brasil. Fica na Europa central , a sua capital é Zurique. Não tem costa marítima mas é sede da Cruz Vermelha. A Confederação da Suíça é composta de 26 cantões. Quase oito milhões de ricos habitantes, renda per capita superior a 43.000 dólares. Quatro línguas são faladas oficialmente ali, alemão, francês, italiano e Romanche.

                                                     Mas vamos ao que interessa, o primeiro grande axioma de Zurique é sobre o risco:

                                                       
                                                                               RISCO
                                         Preocupação não é doença, mas sinal de saúde. Se você         
                                         não está preocupado, não está arriscando o bastante.
                                        

                                         "Se o seu principal objectivo é fugir das preocupações, então, você vai viver pobre." (trecho do livro).    
                                                 

                                         Este axioma numa primeira leitura é assustador. O que aprendemos diuturnamente é que caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém, que um homem prevenido vale por dois, que é valioso colocar a cabeça no travesseiro e dormir despreocupadamente, que preocupação mata. Segundo Gunther a educação que recebemos é um condicionamento social, para ficarmos pobres, já que não jogamos ou especulamos. Nestas ideias o investimento em caderneta de poupança é uma das piores coisa que o cidadão possa fazer,  em razão do seu retorno ser baixo ou muitas vezes roer até o capital; é uma péssima aplicação pela simples razão do risco ser quase inexistente. A poupança, na verdade, tem o seu grau de risco, você pode sair com menos que entrou.

                                         Uma das conclusões do livro é que quem recebe salário nunca ficará rico, simplesmente, por não correr riscos sem dizer que vive sendo maltratado pelo imposto de renda e pela inflação.
                                                  

                                         Depois de lançar este axioma estonteante Max explica que as preocupações são boas, que são elas que dão o tempero picante da vida, se você é um jogador, um especulador.

                                         Max Gunther afirma que muitas pessoas gostam de ser tratadas como investidor em bolsa de valores, o que na prática não ocorre, você na verdade quando aplica em bolsa é um jogador ou especulador. É um jogador, em razão da maioria estar ali só jogando, e quem faz a abordagem, do bom investidor, esperando ética e direitos, vai acabar se dando mal.

         
                                         Sobre o risco, o livro deixa bem claro que o especulador ou jogador não deve ir atrás de qualquer risco ou o jogador está, sempre, atrás de um risco calculado, um risco inteligente em que as suas possibilidades de ganho sejam maiores que as de perdas. O leitor deve compreender que não se trata de loucura e, sim, de risco calculado. Vou dar um exemplo, quem corre a 200 quilómetros com o seu carro nas ruas é um louco, agora, não podemos falar o mesmo de um corredor de formula 1, ali, o local é ideal para se desenvolver altas velocidades, este desportista está em um risco calculado em que domina praticamente toda a situação. Na rua o louco corredor não sabe o que vai encontrar. A velocidade acima da média é a mesma, mas os riscos são diferentes, um é planejado, o outro não passa de loucura. É o sopesamento do risco. Este axioma do risco é fundamental para uma moda que começa com tudo no Brasil ou pessoas físicas estão investindo em bolsa, em suas casas, através de um home broker conectado na Internet, já são em torno de 600 mil pessoas mais ou menos. Max ensina que essas pessoas são jogadores, que eles devem ficar preocupados e entrar no jogo com riscos calculados, correr riscos, e ser um ganhador. Será?

                                         Tanto é que o primeiro axioma não trata de riscos tresloucados que ele é complementado por dois outros axiomas menores que vem em socorro do primeiro os quais cito: 

                                                             1° AXIOMA MENOR
                                                        Só aposte o que valer a pena


                                           Este axioma pode ser resumido na seguinte expressão: "só se deve apostar o que se possa perder". Como disse temos 600 mil pessoas apostando na bolsa. Não é que alguns tomam dinheiro do cheque especial, vendem a casa de morada, pega dinheiro da mãe, da sogra e queijando, tudo para correr riscos sem sentidos. Como se trata de riscos, se as coisas desandam, como sempre desandam, é um Deus nos acuda. Se você corre riscos você tem de estar preparado para perder, perder o que você realmente pode perder e no seu jogo as perdas não podem redundar em  uma TRAGÉDIA, mormente em uma tragédia familiar. Por aí, vamos percebendo que o risco é calculado e inteligente,  que ele é elaborado e que tem um verdadeiro procedimento. É um risco com método e com elegância, o bom jogador, não pode correr o risco de ter de chegar para os familiares  e tentar explicar que as coisas estão desandadas e  que diante disso é melhor colocarem a mudança nas costas; não é elegante dar às de vila diogo. Aliás sempre digo, não tente explicar o  fracasso, ele, simplesmente, não tem nenhum sentido; é chover no molhado, chorar o leite derramado. Vamos ao segundo axioma menor: 
                                                      

                                                                    2° AXIOMA MENOR
                                                       Resista à tentação das diversificações.


                                           No nosso dia a dia aprendemos o seguinte axioma: diversifique os seus investimentos, nunca coloque todos os seus ovos em um só cesto, se o cesto cair, tu não ficarás com nada. Certo, errado para um suíço. Para um apostador genuinamente suíço a diversificação não é boa. Por primeiro você tem que correr riscos calculados e inteligentes ou bons riscos e deve escolher no máximo uns quatros cestos, três seriam de bom tamanho, talvez dois. Se você pula de galho em galho, quando as raposas aparecerem você terá muitas cestas de ovos para proteger, se você colocou, seu dinheiro em poucas cestas será mais fácil vigiá-lo das raposas famintas e, por conseguinte, não andará em círculos correndo atrás dos cestos. Este axioma menor vale para quem investe na bolsa de valores, se você investiu, cuide da sua cesta. Às vezes o cuidado é tanto, com tanto desespero, que o cidadão investe na bolsa, se inscreve em um fórum pela internet e fica ali só colocando notícias boas sobre aquela ação que investiu. Ou seja, é um comprado e quando os vendidos, aparecerem ali para questionar os fundamentos ou riscos, logo tentarão expulsá-los do fórum. Esclareço que comprado é quem comprou uma ação de uma empresa e vendido é quem quer comprá-la e está em busca de um bom preço de entrada. Tal conduta parece mais com um  fanatismo ideológico ou desespero, contudo, essa conduta é perigosa, é periculosa em razão de cegar o apostador. Ao lado dos apaixonados, que são de duas espécies ou os fundamentalistas, um pouco parecido com os fundamentalistas religiosos e, os outros uma espécie de caçadores de tendência, estes confiam em coisas abstratas como aqueles que acreditam em discos voadores, por último, temos os de má-fé ali, funcionam como animadores de auditórios, tentando atrair para os seus investimentos, outros investidores.

                                            Alerta e conclusão. Concordo com o axioma maior complementado pelos dois menores. Só que meditabundo, alerto que correr riscos, mesmos os riscos calculados e inteligentes, não é para qualquer um e que o nosso velho caldo de galinha tomado com cautela não faz mal, que o investimento na poupança ou em imóvel são seguros. Correr riscos não é investir em avestruzes de tristes lembranças. Alerto que é necessário ter estômago e cabeça para correr riscos, no meio dos comprados e dos vendidos, afinal, riscos são riscos e nada mais que riscos, discordando de Gunther, vejo que algumas pessoas parecem que nasceram para uma vida quieta, quentinha e sem preocupações ou sem os riscos suíços. Reconheço que as pessoas são diferentes, algumas pessoas parecem ter melhores inclinações e facilidades para lidarem com riscos. Acredito, por outro lado, na felicidade da quietude de muitos. De qualquer maneira, a abordagem filosófica do risco merece ser estudada e aprofundada e a nossa intenção foi mostrar a quantas anda a especulação, o quanto estamos longe dos suíços, e que investir em ações, exemplificativamente, é muito periculoso; é um lugar em que você encontrará excelentes jogadores com o manual suíço e outros mais sofisticados na ponta da língua, como a Arte da Guerra de Sun Tzu, sem falar nos livros essencialmente técnicos. O que os manuais não falam é que na bolsa você encontrará os manipuladores e os criminosos, são riscos ocultos e desleais no jogo. Continuarei as minhas pesquisas. No próximo texto tratarei sobre a GANÂNCIA, o segundo grande axioma de Zurique, você vai se surpreender com o tratamento suíço desta fraqueza humana. No fim de tudo mesmo vou lançar a minha antítese axiomática sobre riscos, já que também sou filho de deus e as antíteses serem necessárias em qualquer pensamento, quanto a síntese, fico lhe devendo, observo bolsas, não aplico em bolsa, se encontrá-la poderá ficar rico, se tornará em um filósofo do dinheiro na mesma medida em que existem os filósofos do poder:
                                                                

                                                               Primeiro Axioma Maior: cuidado com os riscos suiços, eles não são do reino do homem comum.

                                                                Primeiro axioma menor: riscos não são para qualquer um.                     
                                                                Segundo axioma menor: cuidado com os criminosos e manipuladores de bolsa de valores, são riscos ocultos e desleais no jogo, geralmente, estes sacripantas ficam impunes.

                                                                Zé Perrengue.
                                                       


Livro de Max Gunther
























quarta-feira, 20 de julho de 2011

Buscando A Quem Devorar


Cartaz do filme A Cidade das Mulheres
do grande diretor Federico Fellini, 1920-1993


                                                                                  Mulher da vida

                                                                                  Mulher da rua

                                                                                  Mulher perdida

                                                                                  Mulher à-toa

                                                                                  Mulher da vida

                                                                                  Minha irmã

                                                                                  (Cora Coralina)

                                                                      Pedindo a benção dos encantadores e sensuais deuses romanos Pertunda, Súbigo, Virginiense e Prema esclareço que Quaerens quem devoret em latim significa “buscando a quem devorar”. Um dos livros mais famosos já escritos no mundo é “Les Fleurs du Mal” ou “Flores do Mal” de Charles Baudelaire (1821-1867), e traz uma estampa de uma mulher com esta epígrafe em latim “buscando a quem devorar”. Esclareço que Baudelaire com esta obra inaugurou o simbolismo e foi precursor do modernismo. A estampa, em verdade, refere-se à noção da mulher como devoradora, ou por outras palavras, a idéia da mulher como perigo. É a visão, outrossim, da mulher com “vagina dentata” ou traduzindo do latim para o português, a mulher possuidora de uma vagina dentada. Por estranho que pareça, já houve a lenda que a vagina da mulher tinha garras semelhantes aos dentes, poderosas e devoradoras, principalmente na noite de núpcias. Será que os homens sempre tiveram um viés, palavra da moda nas ciências econômicas, de covardia em relação às mulheres em razão desta crença?


                                                Este fato, esta idéia, é interessante, o certo e o recerto é que as mulheres na antiguidade sempre estiveram encobertas por um véu de mistério e, em algumas culturas, era uma devoradora literalmente falando, ou seja, os homens tinham uma espécie de COMPLEXO DE CASTRAÇÃO em relação a elas. Por isso vingou em algumas culturas a tradição de entregar a noiva na primeira noite a um prisioneiro, sacerdote ou rei ou outra pessoa importante. Um prisioneiro era escolhido em razão de a comunidade não ter nenhum apreço por ele. Um rei ou sacerdote, ambos seres divinos, acima do bem e do mal, e por conseguinte não corriam nenhum perigo de serem devorados pela mulher. Respondendo a pergunta acima, digo e redigo que alguns homens morrem de medo das mulheres em geral, talvez um sentimento atávico do Complexo de Castração. Só que devemos ficar bem atentos, e compreendê-los, uma vez que caldo de galinha e cautela nunca fizeram mal a ninguém, regra avoenga do bem viver. Não são apenas homens frouxos como dizem os desavisados.


                                                Esta crença na mulher devoradora talvez tenha como origem o sangue do hímen na noite de núpcias, sangue considerado nefasto e perigoso, porém, em outras culturas, este sangue é essencial, como prova da virgindade da donzela. Perdurou na França até o século XIII o Le Droit de la Cuissage du Seigneur, traduzindo do francês temos “O Direito de Coxa do Senhor”, em que o rei deflorava a noiva. Tal ritual tinha origem na crença da fertilidade de pessoas divinizadas como um rei e nas teocracias antigas, entre outros interesses. Hoje, isso seria um absurdo.

   
                                                Os romanos, na noite de núpcias, ficavam gritando desesperadamente e invocando a deusa protetora Pertunda, nome este que vem do verbo latino pertundere, significando varar de um lado ao outro. Juntamente com esta deusa também invocavam a deusa Virginiense encarregada de soltar o cinto da donzela; o deus Súbigo para submetê-la ao marido e, ainda, de sobra, a deusa Prema para, uma vez submetida, deixar-se deflorar. Santo Agostinho (354-430) implicou com tantos deuses na noite de núpcias, para ele bastava a deusa Pertunda. Sem embargo disso, discordo de Santo Agostinho (354-430), como já disse cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, um homem prevenido vale por dois e não existe nada mais excitante do que estes deuses. Porque tanto temor, tantos deuses na alcova? Temor do abismo masculino ou por palavras mais simples, temor do fracasso viril, do sangue do hímem considerado nocivo na época e outros motivos.

                                                A mulher devoradora está presente no Mito de Dionísio, uma vez que Sêmele ficou grávida de Zeus, porque devorou o coração de Zagreu, o primeiro Dionísio.

                                                Eva, a mulher seminal, como mulher devoradora, deu ao homem a maçã proibida, é a origem de todos os males, pura sedução, mito conhecidíssimo dos católicos.

                                                A Esfinge de Tebas e as Sereias na mitologia grega devoravam homens. A Esfinge era uma leoa alada com cabeça de mulher, um monstro cruel, que propunha aos transeuntes enigmas, e, caso não fossem resolvidos, devorava o seu interlocutor. Não devemos confundir esta Esfinge grega com a egípcia. As sereias tinham um canto irresistível que levava os marinheiros a pularem no mar, momento em que eram devorados por elas. Ulisses, querendo ouvir o canto, pediu aos seus companheiros que o amarrasse no mastro da embarcação.  Pandora casou com Epimeteu, a primeira mulher nesta mitologia, e levou de presente dos deuses do Olimpo uma caixinha que, aberta, deu origem a todas as desgraças que atormentam o mundo. Só a esperança restou dentro da caixa, mais uma vez o mito da mulher como devoradora, como origem do mal.

                                                A poderosa e invejável viúva-negra. Para mim, o maior símbolo da fêmea devoradora vem da Entomologia, do estudo dos insetos ou Insetologia, mais precisamente dos Aracnídeos, mais precisamente, ainda, da temível viúva-negra. Simplesmente, após copular com o macho o devora sem piedade. O resto de seu corpo alimentará os filhotes recém-nascidos. É a mistura natural, sem piedade e romantismo, entre sexo, reprodução e morte. Que arranjo fantástico é este da natureza, copular com o macho e devorá-lo. Neste fenômeno temos uma leve impressão da perda da utilidade do macho após a fertilização da fêmea. Temos que acreditar que o fenômeno do devoramento é racional, sob o ponto de vista da natureza ou sob o ponto de vista biológico. A natureza apenas encontrou uma forma inteligente de manter a preservação da espécie, com os maiores recursos possíveis. Muitos dizem que a natureza é má, não poupa o mais fraco, e a viúva-negra é um exemplo desta qualidade. Destarte, por analogia, a mulher que mata o marido é chamada de viúva-negra.  
Cartaz do filme a
Cidade das Mulheres
em inglês

                                                 As mulheres são merecidamente mais iguais que os homens e a lei diz amém. Esse título foi em homenagem a George Orwell, aquele que escreveu a Revolução dos Bichos, um dos mandamentos dos bichos após fazerem uma revolução vencedora contra os homens lembra este título (Todos os bichos são iguais, alguns bichos são mais iguais). Voltando ao nosso devoramento, muitos homens acham que os fatos acima são bobagens de homens antiquados, no entanto, se estivéssemos nesta época acreditaríamos nas mesmas bobagens como estamos acreditando em muitas idiotices hodiernamente. Muitos homens não sabem e nem desconfiam, muitos apenas desconfiam, contudo, a mulher hoje, sob a ótica da lei leva vantagem sobre o homem ou por outras palavras são maravilhosas mulheres devoradoras. Acredito que é pura tecnologia moderna olharmos a mulher como mulher devoradora. Como exemplo dessa tese da mulher devoradora, digo que elas têm privilégios legais materiais e processuais extremamente vantajosos em relação ao homem. Em certo ângulo, estes privilégios ferem o art. 5°, caput, da Constituição da República do Brasil. Basta lembrarmos  da Lei Maria da Penha, conhecida pelos gaiatos como Lei Maria do Penhasco, do foro privilegiado para propor ações contra os homens e a preferência cultural e jurisprudencial em ficar com os filhos na separação do casal e, com a pensão a tiracolo, às vezes até roliça. Deverasmente, sabem cuidar melhor da prole. São mulheres devoradoras, no bom sentido, com toda a justiça cobertas com o véu do superlativo justíssimo. Podemos dizer que são compensações históricas ou uma espécie de Ética Histórica Restauradora ou Lei de Compensação. É que, historicamente, a mulher foi cerceada em toda a sua potencialidade e deu a volta por cima e voltou a ser Lilibeth (um segredo que a igreja esconde), um anjo ou demônio bíblico anterior a Eva. Por isso, o conceito de sexo frágil tem de ser revisto como uma lenda de tolos.
Cora Coalina, 1889-1985

                                                A mulher devoradora da cidade de Goiás. A lendária Cidade de Goiás tem sua mulher devoradora, a mulher dos doces, da sedução, que esteve à frente de seu tempo, que rompeu barreiras sociais, que escandalizou a sociedade ao fugir, ao devorar, heroicamente, um homem casado ou, simplesmente, Aninha da Ponte ou Cora Coralina (1889-1985). Quem conhece a sua biografia sabe que ela foi apedrejada, por mais de cinqüenta anos, inclusive, por aqueles que depois passaram a jogar flores em sua homenagem, flores tão só pelo reconhecimento de seu talento como mulher devoradora do seu tempo. Destarte, se o homem tem Poder as mulheres têm Poderes.

                                                Felline sempre vê as coisas por outro ângulo. A Teoria da tomada do poder pelas mulheres e a derrota dos homens são claras nos filmes Cidade das Mulheres do impagável diretor Fellini ou Mulheres de Philippe Sollers, outro grande diretor da sétima arte, vale a pena assistir para podermos pensar diferente e libertarmos um pouco das nossas sagradas verdades. São filmes interessantes, outrossin, não pelos efeitos especiais tão apreciados pela geral, mas pela mudança de foco. 

                                                Epilogando. Terminando, o devoramento, e, rogando a proteção necessária e justa da deusa irresistível Pertunda, da indiscreta deusa Viriginiense, do poderoso deus Súbigo e da gozosa deusa Prema afirmo que tanta fragilidade, tanta beleza, tanto enfeite, tanta sensualidade, simplesmente, ou, simplesmente sedução, pode estar, na verdade, buscando a quem devorar ou quaeres quem devoret. A pergunta que nunca se calou. Fica a pergunta: porque os homens sempre tentaram fragilizar as mulheres e estas, dolosamente, como potências das sombras e das sobras, aceitaram o jogo e, muitas vezes, como meio de defesa, transformaram-se em mulheres devoradoras ou em pura superioridade feminina que muitos machistas se recusam a aceitar?    
Federico Fellini dirigiu filmes famosos como
 A Doce Vida, Amarcord, Satyricon, dentre
outros. Este diretor é um ícone do cinema,
vale conferir a sua obra. Satyricon me matou
de rir.

                                                             
                                                             Zé Perrengue, muita saúde a todos.

domingo, 17 de julho de 2011

Boney M, uma singela homenagem a Bobby Farrel





Robert Bobby Farrel, 1949-2010, rest in peace
                                           Das perrenguices. Zé Perrengue intimou-me para que falasse mais de música neste espaço, assegurou-me que a primeira música postada já era de seu conhecimento, só que não se lembrava do nome mas gostava desta música, a qual estava fazendo sucesso no blog. Certamente, não acreditei em suas palavras, relembro que escolhemos o conjunto The Square Set com  a música Money, That´s What I Want, por acaso, por ser dançante, e por ser música que traz muitas alegrias as criança, imagine uma festa regada por estes sons com muitas crianças, balinhas, balões e brincadeiras. Tudo elaborado no método das menores pretensões, e com a intenção de me livrar do Zé nestes assuntos de blog que tanto me desagradam. Expliquei ao amigo Zé que estava aposentado e de luto profundo; que as minhas alegrias sonoras haviam secado, tudo pela morte de Bobby Farrel em 30 de dezembro de 2010 e que a última postagem foi uma breve interrupção do nojo, em homenagem ao blog que pelos meus cálculos já nascia morto, sem remédios, como tantos outros. Zé Perrengue encabulado, retrucou-me que não sabiava da morte de Bobby Farrell, agradeceu a exceção, ofereceu-me mil desculpas e, não dando por rogado, já que é teimoso, saiu com esta tentando meter ânimo: - porque não, uma homenagem a quem verdadeiramente merece, em retribuição a tantas alegrias sonoras. No final, acabei concordando em acudir a causa perdida, apesar de dizer ao cumpadre Zé que este blog  (tudo com muito riso)  não estava com nada e que ninguém se interessava mais por estas músicas que gosto tanto. Zé, acrescentou, todo pimpão, que o blog já contava com um acesso da Índia, foi aí que ri de orelha a orelha. Retruquei com sorriso no rosto, imitando-o: - ora, ora e ora, não passa de um engano, de um erro de digitação, não se iluda. Dado a insistência, saio novamente do luto e das ondas curtas. Toma lá leitor, vamos então aos fatos e ao som, tudo com a promessa de não mais voltar ao blog, já que estou velho e, hoje, o silêncio me basta no fim dos tempos. Porque sim:

Deixará saudades

                                            Boney M e Bobby Farrell. Alguns indagariam, quem é Bobby Farrell que deixou Dom D.J. Silver em luto profundo? Como recordar é viver, recordemos! Bobby Farrel na verdade Roberto Alfonso Farrel nasceu em 1949, em Aruba, uma ilha holandesa, localizada a 31 quilômetros da costa venezuelana. Em resumo, o nosso artista, o nosso moreno, por incrível que pareça era holandês. Morreu em São Petersburgo, na Rússia, em um quarto de hotel, em 30 de dezembro de 2010. Fazia parte do conjunto Boney M, composto por outros três integrantes, todas mulheres, Márcia Barrett, Liz Mitchell e Maiziei Williams. Boney M fez muito sucesso nos anos 70 com as músicas: Daddy Cool, Ma Baker, Rivers Of Babylon, Sunny e Girl in the ring, entre outras. A música Sonia de Léo Jaime é uma versão de Sunny; a nossa querida paraguaia, brasileira, Perla gravou Rivers of Babylon, como Rios da Babilonia, e, obteve grande sucesso por aqui. Dá gosto ver Bobby Farrell dançar, pura elasticidade sonora, uma energia de jovem invejável, só na velhice e na doença compreendemos o quanro isso é belo e valioso. O nome Boney vem de um personagem de um seriado televisivo australiano e o conjunto foi uma criação de Frank Farian. Na formação original e inicial, só estava Maiziei Williams. O conjunto estreou em 1976 e, em 1986, se separaram quando acumulavam 18 discos de platina. Poucas homenagens foram feitas a Bobby Farrel, fiquei magoado.

                                              Seguem duas músicas clássicas do Boney M, Daddy Cool e Ma Baker, as minhas preferidas, uma homengem singela a Bobby Farrell, já que a morte não poupa ninguém. Faço uma tradução da música, tudo para você aprender inglês, aqui, na prática, vamos ao método, por primeiro, acompanhe a música em inglês, depois, a tradução. Se não concordarem com a tradução me avisem, discutiremos e aprenderemos.                           

                                             Roberto "Bobby" Alfonso Farrel, rest in peace, descanse em paz.

                                            Dom DJ Silver, colaborador do blog, muitas alegrias sonoras a todos do Fogaréu.   










Ma Baker

"Spoken :
FREEZE ! I'm Ma Baker - put your hands in the air,
gimme all your money

- This is the story of Ma Baker, the meanest cat
from ol' Chicago town

She was the meanest cat
In old Chicago town
She was the meanest cat
She really moved them down
She had no heart at all
No no no heart at all

She was the meanest cat
Oh she was really tough
She left her husband flat
He wasn't tough enough
She took her boys along
'cos they were mean and strong

Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - she taught her four sons
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - to handle their guns
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - she never could cry
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - but she knew how to die

They left a trail of crime
Across the U.S.A.
And when one boy was killed
She really made them pay
She had no heart at all
No no no heart at all

Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - she taught her four sons
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - to handle their guns
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - she never could cry
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - but she knew how to die

she met a man she liked
she thought she'd stay with him
one day he formed with them
they did away with him
she didn't care at all
just didn't care at all

spoken :
- Here is a special bulletin.
Ma Baker is the FBI's most wanted woman.
Her photo is hanging on every post office wall.
If you have any information about this woman,
please contact the nearest police station...

- Don't anybody move ! The money or your lives !

One day they robbed a bank
it was their last foray
the cops appeared too soon
they couldn't get away
and all the loot they had
it made them mighty mad
and so they shot it out
Ma Baker and her sons
they didn't want to hang
they died with blazing guns
and so the story ends
of one who left no friends

Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - she taught her four sons
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - to handle their guns
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - she never could cry
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - but she knew how to die

Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - she taught her four sons
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - to handle their guns
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - she never could cry
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - but she knew how to die

Ma Baker

"Falem:
Parado! eu sou Ma Baker - Ponha suas mãos para o alto, a vida ou o dinheiro.
Esta é a história de Ma Baker, a gatuna mais perigosa
da cidade de Chicago

Ela foi o gatuna mais perigosa
Da velha cidade de Chicago
Ela foi o gatuna mais perigosa
Ela realmente deixou a cidade com as pernas para o ar
Ela não tinha absolutamente nenhum coração
Sem sem sem coração nenhum

Ela foi a gatuna mais perigosa
Oh ela foi realmente durona
Ela deixou o apartamento de seu marido
Ele não era forte o bastante
Ela tomou os seus meninos depois
Pois eles eram perigosos e fortes

Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - ensinou a seus quatro filhos
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - a cuidar de suas armas
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - ela nunca pôde gritar
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - mas ela sabia como morrer

Eles deixaram um rastro de crime
Através dos E.U.A
E quando um menino foi morto
Ela realmente fez eles pagarem
Ela não tinha absolutamente nenhum coração
Sem sem sem coração nenhum

Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - ensinou a seus quatro filhos
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - a cuidar de suas armas
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - ela nunca pôde gritar
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - mas ela sabia como morrer

Ela gostava de um cara
Ela pensou que ficaria com ele
Um dia ele informou sobre eles
Então eles o mataram
Ela não se preocupou nenhum pouco
Apenas não se preocupou nenhum pouco

fala:
- Aqui está um boletim especial.
Ma Baker é a mulher mais procurada do FBI.
A sua foto está suspendida em cada poste e parede dos correios. Se você tem alguma informação desta mulher,
por favor contate com a delegacia de polícia mais próxima...

- Ninguem se mova! O dinheiro ou as suas vidas!

Um dia eles roubaram um banco
Este foi o último assalto. Os tiras apareceram logo
Eles não podiam escapar
E todo os assaltos que eles fizeram os tornaram mais maus e eles atiraram para fora
Ma Baker e seus filhos
Eles não queriam ser enforcados
Eles morreram com armas guspindo fogo. E assim foi o final da história
Daqueles que tiveram um fim sem nenhum amigo
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - ensinou a seus quatro filhos
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - a cuidar de suas armas
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - ela nunca pôde gritar
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - Mas ela sabia como morrer

Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - ensinou a seus quatro filhos
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - a cuidar de suas armas
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - ela nunca pôde gritar
Ma Ma Ma Ma - Ma Baker - mas ela sabia como morrer

Daddy cool

She's crazy like a fool
What about it Daddy Cool

She's crazy like a fool
What about it Daddy Cool
I'm crazy like a fool
What about it Daddy Cool

Daddy Daddy Cool
Daddy Daddy Cool
Daddy Daddy Cool
Daddy Daddy Cool

She's crazy like a fool
What about it Daddy Cool
I'm crazy like a fool
What about it Daddy Cool

Daddy Daddy Cool
Daddy Daddy Cool
Daddy Daddy Cool
Daddy Daddy Cool

(spoken) She's crazy about her daddy
Oh she believes in him
She loves her daddy

She's crazy like a fool
What about it Daddy Cool
I'm crazy like a fool
What about it Daddy Cool

Daddy Daddy Cool
Daddy Daddy Cool
Daddy Daddy Cool
Daddy Daddy Cool

Daddy cool (Tradução)

Ela é louca como uma tola
Que tal o papai legal
Ela é louca como uma tola
Quer saber sobre o papai legal
Eu sou louca como uma tola
Que tal o papai legal

Papai papai legal
Papai papai legal
Papai papai legal
Papai papai legal

Ela é louca como uma tola
Que tal o papai legal
Eu sou louca como uma tola
Que tal o papai legal

Papai papai legal
Papai papai legal
Papai papai legal
Papai papai legal

(fala) Ela é louca com o seu papai
Oh ela acredita nele
Ela ama o seu papai

Ela é louca como uma tola
Que tal o papai legal
Eu sou louca como uma tola
Que tal o Papai legal

Papai papai legal
Papai papai legal
Papai papai legal
Papai papai legal


                                                                          

sexta-feira, 8 de julho de 2011

"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão."

                         




                                          A minha admiração por Eça de Queiroz, grande escritor portugês do realismo, nascido em Póvoa do Varzim em 1.845 e morto em Paris em 1.900 é indizível, considero-o um dos maiore escritores da língua portuguesa. Eça é autor do Crime do Padre Amaro, Os Maias, A cidade e as Serras, O Primo Basílio e a Tragédia da Rua das Flores, entre outras obras que li, e recomendo para quem gosta de deliciosos deleites espirituais inesquecíveis. Quando li pela primeira vez o pensamento acima, logo imaginei, gostaria de tê-lo elaborado. O prazer foi maior ainda quando vi de pronto que se tratava de Eça de Queiroz, nosso mestre.

                                          Se todo cidadão se conscientizasse que a melhor educação para o poder é a alternância, a mudança constante e incessante dos políticos, deverasmente, o mundo também mudava. Fala-se muito em educar o povo, contudo, não se alvitra educar os políticos. O certo e o recerto neste mundo sem fundo é que a corrupção é universal, não é nenhuma criação brasileira, é difícil de admitir mas a filosofia do homem é mais do mesmo. Se as mudanças incessantes das fraldas ou dos políticos fosse levado a cabo com sofreguidão, os politicos não faziam o que fazem. Ficariam educados, não teriam nenhuma chance com o eleitor. Para ser reeleito o candidato teria que ser muito bom e honesto. Infelizmente a realidade é outra. O povo não se interessa pelo poder e muito menos em educar os políticos, por isso eles são toscos e mal educados. Os políticos precisam de ser educados legalmente ou trocados pelo voto, a maior arma social, como se trocam fraldas. Essa de comparar políticos com fraldas foi de uma ironia espetacular Eça de Queiroz! Devemos gravar esta frase, não é apenas uma frase, um pensamento, é pura teoria científica sobre o poder quando mostra toda descartabilidade dos políticos ao afirmar, ao reduzir toda essência do poder, que eles precisam ser trocados incessantemente como fraldas. Essa recomendação de Eça é nagativa do poder. Se você quer conhecer uma pessa dê-lhe o poder e verás o verdadeiro homem na sua essência, se você quer ver a corrupção reinar, a demagogia, o carismo de pau, eleja os mesmos políticos, acredite em promessas mirabolantes e em políticos que roubam mas faz; simplesmente, não acredite que os políticos tem de ser trocados como fraldas. O mais interessante é que na época de Eça de Queiroz não existiam fraldas descartáveis. O homem criou a fralda descartável para ser trocada a vontade, ou seja, o pensamento cada dia está mais atual.  Sociedade, cadê o político descartável, jogado no lixo com desenvoltura como se fosse fralda! Evoluímos tecnologicamente mas não tivemos a mesma evolução em relação ao poder. O povo com certeza está nos devendo e em pecado gravíssimo contra Eça de Queiroz, que nasceu no longíquo ano de 1.845, o que é uma circunstância agravante no pecado. Como fazer para que as pessoas acreditem no princípio da fralda descartável? Se nas escolas o cidadão fosse apenas obrigado a gravar e discutir, incessantemente, como se fosse lavagem cerebral, este maravilhoso pensamento, ele já teria, com certeza, uma mente avançada sobre Teoria Política, o resto sobre esta ciência poderia ler depois ou jogar toda a teoria no lixo pois já estaria bem equipado socialmente com este axioma. Basta esta frase e pronto, grande parte do problema da corrupção ja tería sido resolvido. Contudo, o povo liso, leso e louco insiste, sempre, mas sempre, mas sempre mesmo, incessantemente, em votar nos mesmos políticos livres, leves e soltos. É triste observarmos, desde quando nascemos, salvo raras e heróicas mudanças, os mesmos políticos, fazendo as mesmas coisas que a maioria diz censurar da boca pra fora, alguns disfarçando os seus interesses na mantença dos mesmos.
             
                                              O outro lado da moeda. Se o homem teima em votar sempre nos mesmos, meteu na cachola a teoria do mais do mesmo, devemos colocar ao lado de Eça outro gigante, Maquiavel (1469-1527), autor do Príncipe, uma das melhores obras de todos os tempos sobre o poder. Este assunto não se esgota com a teoria mais do mesmo esposta, ela tem raízes mais profundas que só o povo e Maquiavel explicam. Vamos lá leitor, ânimo com estas divagações, serei breve. Na obra O Príncipe, o povo tem um destaque especial na teoria do poder, Maquiavel ensina que os políticos devem ser aliados do Povo, na medida do possível, e alerta que a mantença no poder, muitas vezes dependerá da boa vontade do povo. Segundo este iluminado do realismo político, o político deve ficar ao lado do povo pelo banal e interessante motivo que a massa quer pouco ou apenas liberdade. Essa massa, inclusive, olha os Príncipes, os detentores do poder, com benevolência ou não almeja o poder como a elite, o que é uma circunstância atenuante. Por outro lado, o povo acredita que trocar político é trocar seis por meia dúzia, o que seria, sem dúvida nenhuma, mais do mesmo ou da mesma elite, em resumo, tudo farinha do mesmo saco ou tudo não passa de uma insustentável troca de fraldas ou também é uma espécie do mais do mesmo. Fiquei atordoado com a fragilidade do raciocínio ao pensar em Maquiavel e chegar a conclusão que a teoria mais do mesmo se presta a mais de uma causa, e admito que  esta prática do povo é de uma sabedoria surpreendente, com outra circunstância atenuante deste não se dar ao trabalho de ficar gravando uma infinidade de nomes da insaciável elite. Ora, ora e ora, se estou errado, pelo menos devemos admitir que literatura e política estão sempre juntas com a literatura (Eça de Queiroz) sempre espetando a política, o que é muito bom. Não quis ofender os políticos, é que Eça nos confunde, Eça pela grandiosidade de seu pensanto nem aprovaria o texto acima, devo admitir que a minha matemática mais do mesmo é falaciosa e pronto, peço desculpas pelo liso, leso e louco, e livre, leve e solto. Continuarei investigando o assunto, mas sempre ouvindo as duas partes, digo, as três partes. Se essa massa alia-se aos poderosos ou os eleje, quer pouco, vive feliz no pouco doloso, por conseguinte, não tenho nada com isso, nenhuma censura caberá na sua conduta como ousei fazer acima ao esquecer Maquiavel que explicou com muita profeciência este fato social. Também é de uma simplicidade cavalar pensar que os problemas do mundo se resolvem com a troca constante de fraldas. O que importa é que fiquemos no zero a zero, nenhuma tese sai vencedora, sem embargo de haverem duas circunstâncias atenuantes para absolvição e apenas uma circunstância agravante para a condenação no julgamento do mais do mesmo, e, para ficarmos verdadeiramente quites, colocarei uma foto de Maquiavel no final. No empate, vamos esquecer as minhas rabugens de política, voltemos a literatura.

                                            Eça de Queiroz é de uma espiritualidade superior. Uma das maiores obras da literatura portuguesa é o Crime do Padre Amaro, publicado em 1875. Um livro imperdível, uma obra de arte com palavras certeiras, recheado com fartas pinceladas de ironia, humor negro de primeira. As primeiras palavras do livro são um primor, agarra o leitor com força e ele não consegue mais largar o livro, ele grudará em suas mãos. Puro deleite literário do realismo. Uma crítica feroz à Igreja Católica e aos padres prevaricantes. Cito as primeiras palavras do livro narrando a morte do padre José Miguéis, homem sanguíneo e nutrido, o comilão dos comilões, prestem atenção no hilário trecho - Lá vai a jibói esmoer. Um dia estoura:


                                             Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria, que o pároco da Sé, José Miguéis, tinha morrido de madrugada com uma apoplexia. O pároco era um homem sanguíneo e nutrido, que passava entre o clero diocesano pelo comilão dos comilões. Contavam-se histórias singulares da sua voracidade. O Carlos da Botica - que o detestava - costumava dizer, sempre que o via sair depois da sesta, com a face afogueada de sangue, muito enfartado:
- Lá vai a jiboia esmoer. Um dia estoura!
Com efeito estourou, depois de uma ceia de peixe - à hora em que defronte, na casa do doutor Godinho que fazia anos, se polcava com alarido. Ninguém o lamentou, e foi pouca gente ao seu enterro. Em geral não era estimado.(...)


                                              Observe que Eça usa a expressão nutrido para se referir a uma pessoa obesa e esmoer como digerir, com muito humor.                                             


                                              Veleu Eça de Queiroz, como Maquiavel, R.I.P., rest in peace, descanse em paz.

                                              Zé Perrengue, querendo acreditar no princípio da fralda descartável, muita saúde espiritual a todos.                                           
Maquiavel, 1469-1527:
"quero ir para o inferno, não para o céu. No inferno , gozarei da companhia de papas, reis e príncipes. No céu só terei por companhia mendigos, monges, eremitas e apóstalos" 

terça-feira, 5 de julho de 2011

Minha casa, minha ruína

                                                                         


                                             Ora, ora, virou moda, virou febre, o desejo, a vaidade (a ruína) de quase todo mundo querer comprar um imóvel financiado. Ora, ora, se o setor de construção estivesse em um momento retumbante, dourado, certamente não precisaria do Programa Minha Casa, Minha Vida, programa que chamo, por simples espírito zombeteiro, de Minha Casa, Minha Ruína, afinal a melhor maneira de aprendermos é com o riso, com o humor, também é de boa sapiência não levarmos nada neste mundo tão a sério. Fique pensoso comigo, caro leitor meditabundo, muita gente quer comprar um imóvel como investimento especulativo ou comprar para vender com lucro pouco tempo depois, no máximo dois anos, prazo considerado curto para investimentos em imóveis, hoje leva-se quase este tempo ou mais para vendermos este ativo. Como assim, investimento especulativo? é que o mercado diz para o cidadão, compre este imóvel, "vai valorizar mais". A frase vai valorizar mais funciona como uma mágica no mercado, o cidadão é picado, imediatamente, pelo bichinho mimoso da ganância e faz um contrato com juros caros e décadas para pagar, coisa de louco de camisa de força. É coisa de louco de camisa de força em razão de você não saber como o mundo e você estarão daqui a uns vinte anos. Ora, ora, se vai valorizar mais porque você está me vendendo? a poupança só dá seis por cento, e o imóvel vinte ao ano, como dizem, não seria melhor você ficar com ele e ganhar um rendimento que nenhuma aplicação lhe dará? Assim, o setor de construção não está bem, em razão do programa minha casa, minha ruína, ser apenas uma muleta do governo para o setor de construção. A valorização não é garantida, justamente porque o setor precisa de ajuda governamental e de crédito do governo. Como assim? ora, ora, o melhor das coisas seria a economia andar sozinha, como uma bicicleta pedalada pelo dono, sem ninguém empurrando. Se alguém empurra a bicicleta com o programa minha casa, minha ruína é pelo motivo de que algo errado está acontecendo na economia. Há algo de errado? Claro que há algo de podre no reino da Dinamarca, no caso no reino do Brasil. O governo depois da crise de 2008 nos Estados Unidos e para eleger a atual presidenta jogou lenha na fogueira da economia. Não foi o povo que ficou rico. Foi o crédito, a dívida, a lenha que tornou, de uma hora para outra, o povo brasileiro em novos ricos, só que endividados a juros altos. O governo, incentiva ou empurra a bicicleta, paga um pouco do imóvel, só que os empresários quase que dobraram os preços, ou melhor, o cidadão ganhou com uma mão e pagou mais com a outra, sempre picado pelo bichinho mimoso da ganância "vai valorizar mais". Minha casa, minha ruína não vai explodir agora. Existe euforia no ar e toda euforia é irracional, só que depois vem a depressão, também irracional pois a economia é cíclica e os ciclos se pagam uns com  os outros. Se a pessoa precisa de um imóvel, até aí, ainda vá lá, mas esperando lucros é loucura. Se você não acredita nestas palavras, pergunto, por qual motivo os governos anteriores não fizeram esta bondade? Aumento de crédito governamental pode quebrar a CEF e o Banco do Brasil, fora outras instituições financeiras. Os bancos oficiais, certamente, não quebrarão literalmente, pois serão salvos com o dinheiro do contribuinte. Outros irão dizer: há um déficit habitacional imenso! claro, mas onde viviam essas pessoas antes? Obviamente, que não viviam na rua, no máximo no puxadinho da sogra. O governo não interrompe o programa e o crédito  pelo simples motivo de ter ficado preso em sua própria rede, ou melhor na rede da demagogia, aquela rede que destrói nações inteiras como a Grécia está sendo destruída. Há uma crise mundial, se o governo parar o setor de construção civil, pode chegar aqui uma tsunami econômica e não uma marolinha, e um dos melhores setores contra crises é o da construção civil, só que o remédio do tijolo e do cimento não funciona por muito tempo, pelo simples motivo de aumentar muito os imóveis disponíveis no mercado. Os mais vividos já viram este filme antes, o filme da construtora Encol  é um exemplo, ocorreu há décadas, em um período de euforia e ganância no setor imobiliário, todo mundo achava que era um filme romantico estrelado por Romeu (construtoras) e Julieta (compradores) e no final perceberam que se tratava de um filme de terror com cenas dantescas de prejuízos. Na realidade, o governo está preso numa armadilha moral e econômica. Se você conhece alguém que entenda de economia, discuta esta questão antes de fechar um negócio kamicase, com serenidade e com mente aberta. O brasileiro não tem a chamada educação financeira ou conhecimentos mínimos de economia, é fato indiscutível, não se importa, exemplificativamente, de comprar um carro ou imóvel e pagar dois e até três, desde que a prestação caiba no bolso hoje, não se preocupando com o aumento da prestação ou piora do cenário econômico que pode atingir ricos e pobres. O setor de construção civil cresce até quinze por cento ao ano quando há euforia e a população em torno de pouco mais de um por cento. Ora, ora, há uma assimetria tétrica, entre a produção de imóveis e a demanda ou procura, não confunda demanda real, necessidade, com procura especulativa, são coisas parecidas, mas diferentes. Haverá desespero e ranger de dentes quando tudo explodir, quando a festa do tijolo e do cimento acabar. Será a hora da onça beber água ou a hora de pagar a conta que virá salgada, em um momento em que os juros estarão altos, em um momento que todo mundo estará vendendo imóveis e, o pior, em um momento em que o desemprego estará aumentando. Finalmente, tentarão novamente reativar a mágica do tijolo e do cimento, só que ela não funcionará mais e aí descobriremos quem está nadando nú ( Frase de Warren Buffet, grande investidor internacional e especialista em investimentos, se referindo as crises que pegam os incautos endividados e especulando). Os americanos passaram por isso, os irlandeses, os espanhois, os portugueses e aí por diante, porque não o Brasil? Os desavisados gritarão: é que elegemos o cara, inclusive, Barack Obama assinou em baixo, votamos em um homem do povo, analfabeto como nós, mas como veio das dores e sofrimentos, soube administrar e entender a pobreza e a classe média. Ora, ora, em resposta digo, apenas, hummmm!

O boom da construção civil
não dura para sempre.
                                                       Epilogando. Ora, ora, então, tudo é mentira? e, se há mentira na área de construção civil, estamos falando de BOLHA IMOBILIÁRIA, das terríveis bolhas, verdadeiras bactérias da economia, bactérias imunes a qualquer antibiótico, a qualquer dose extra de bolha imobiliária. Falarei da bolha imobiliária em outro texto. Gravem este texto não pra agora mas pra daqui há alguns anos e me cobrem o futuro. Acredito nesta previsão, a não ser que o governo mude o rumo, é possivel, mas pouco provável. O texto é apenas um alerta, pode ocorrer totalmente o contrário. Discordem por favor, façam esta caridade.

                                                       Zé Perrengue, muita saúde econômica a todos.