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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Pujança e miséria dos ativos PETR3 e PETR4 ou Petrobras

... lobrigaremos que a política é totalmente
 incompatível com a Petrobras...



polis, civitas=cidade

                                                              Interferência política, um mal despiciendo. Empresa não combina com interferência política. A palavra política indica disputa pelo poder. Se há disputa, há necessidade de um palco e a polis ou civitas é este palco, duas palavras para cidade, a primeira em grego e a segunda em latim. Então, política e cidade estão entrelaçadas e esta última é o ninho da sociedade. Em inglês a expressão I can, eu posso, tem uma conotação muito forte, um sentimento do mundo como poder A própria vida é uma espécie de poder ou nossa insignificância biológica se torna grande pela vontade de poder ou vaidade ou, ainda, pela vontade de potência tanto difundida pelo pensador Nietzsche (1844-1900, autor do impagável clássico Assim falou Zaratustra. Na cidade um homem convive com o outro, onde, outrossim, um devora o outro como lobo se fosse, isto de Thomas Hobbes (1588-1679, autor da obra fundamental Leviatã de 1651) adotando a doutrina. Não tenha escrúpulos em adotar a teoria de Hobbes, em aceitar o devoramento, por pudores românticos e cristãos, uma vez que é o que acontece na prática e convivemos com isto nos investimentos. Só que o devoramento moderno não deixa rastros de sangue, ele é civilizado, ocorre na polis, e um exemplo claro é uns ficarem com bem mais riqueza ou poder político e outros com pouco ou nada. A mentira é a arma dos novos lobos das estepes da cidade. Outrossim, a violência tosca e escancarada não combina com democracia mas a violência permanece velada e com ares de sutilidade. Na luta pelo poder uma parcela do povo trabalha em conjunto com os lobos, na disputa com outros lobos, todos muito ferozes na busca do poder, tudo assessorado pela mentira. Ao povo, nesta disputa, interessa pequenos mimos como uma cirurgia, uma pequena quantia em dinheiro vinda em hora não esperada, algo como um lenitivo em uma vida de sofrimentos. O povo, em relação as patranhas e manhas políticas, chega a rir de uma mentira bem contada por algum detentor do poder político. Assim, na polis,  o povo não é apenas uma multidão de coitadinhos, já que ninguém é mais colocado em calabouços para serem torturados por despótas inomináveis. Como os políticos não vão pagar a conta desta algazarra, desta demagogia, uma vez que o povo é uma multidão interminável o que é inviável economicamente falando, transfere-a para os incautos contribuintes e para as empresas, exemplificativamentre, vendendo combustíveis abaixo do preço de custo. Ninguém pensaria em tabelar o preço da banana pois este produto é abundante, ora, se há falta de um produto a produção tem de ser aumentada ou o produto substituído, o único caminho seguro para produtos baratos e de boa qualidade. Nada de tabelamentos, no máximo um controle. Se nós entendermos um pouco de política na prática da maneira já exposta, lobrigaremos, sem delongas, que esta filosofia de poder é totalmente incompatível com uma empresa, pois o jogo político é pesado. Estou sendo prolixo em razão de muitos não darem o devido valor ao chamado fator político em uma empresa e subestimar a sua força devastadora. O fator político pode ser nefasto e nefando à uma empresa ao ponto de destruí-la.  Os sócios de uma empresa não querem este poder bruto, explícito, a empresa quer crescer e gerar lucros, só pode ser esta vontade econômica, o primeiro objetivo de uma empresa.Não resta dúvida que a empresa também quer o poder, mas não o poder explícito disputado na polis, pois lucro, crescimento, dinheiro também é uma forma de poder. A mentira não deve caber no balanço de uma empresa, outro detalhe de que política e empresa não funciona, se pudesse haver a empresa com a mentira, cairia por terra toda análise fundamentalista. Em toda crise é fácil para qualquer governo jogar a culpa nas empresas ou usá-las para resolver problemas que são estruturais ou que estão no próprio Estado como um leviatã. Se nós entendermos um pouco de política na prática da maneira já exposta, lobrigaremos, sem delongas, que esta filosofia de poder é totalmente incompatível com uma empresa pois o jogo político é pesado, lobrigaremos que a política é totalmente incompatível com a Petrobras. Daí o fator político apavorando os investidores e arrastando o preço dos ativos para baixo. Por outro lado, o país só aperfeiçoará a sua democracia com o fim da administração política da Petrobras ou a sua urgente e necessária privatização. O povo e os investidores não podem ficar eternamente deitados em berço esplêndido com a boca aberta cuidando ser normal a política tomar conta de uma Petrobras. Epilogando, temos a interferência política como um mal alojado nas entranhas dos ativos PETR3 e PETR4, fato que deve merecer uma melhor acuidade de todo investidor. Recentemente, Wall Street Journal escancarou um artigo sobre a Petrobras em que afirmou que na Petrobras o lucro é socializado, os prejuízos privados, ao contrário do que ocorreu nos Estados Unidos onde os lucros dos bancos foram privados e as perdas recentes socializadas. Nem tudo é desgraça, pelo menos um alento, gasolina barata.

...leviatã=demônio bíblico...
id est em latim=isto é
                                                             Por quê a produção da empresa continua emperrada em 2012? A produção de petróleo está quase no mesmo nível há três anos e desde o ano de 2003 não consegue levar a cabo as suas metas de extração de petróleo e gás. Em prolegômenos, o nosso leitor tem que saber de uma premissa básica da Petrobras, id est, o ninho petrolífero da empresa é a Bacia de Campos, o qual por sinal é o principal do Brasil. Esta bacia é, visceralmente, importante para a empresa e para o Brasil uma vez que é responsável por 85% do nosso petróleo extraído. A dimensão desta área se estende por cerca de 100 mil quilômetros quadrados, do litoral sul do Espírito Santo ao norte do Estado do Rio. Logicamente que se esta premissa, ou a Bacia de Campos, entra em decadência a empresa sofre abalos econômicos e é o que está acontecendo. A origem do problema está na queda de eficiência operacional da Bacia de Campos, a principal do País, responsável pela produção de até 85%. 85% é quase 100%, então, o olhar do investidor tem que estar grudado neste sítio petrolífero, tudo como se fosse uma premissa sonante na memória randômica.  O nível de eficiência na bacia caiu de 90% para 70% em três anos, de acordo com a própria Petrobras. Tanto é que  um plano emergencial na tentativa de recuperar os níveis perdidos foi criado neste ano de 2012, este plano foi chamado de Programa de Eficiência Operacional para o qual já estão destinadas despesas de US$ 5,6 bilhões.  Exemplificativamente, sobre queda de produção, o Campo de Marlim, passou a produzir uma quantidade maior de água. É normal, na produção de petróleo, serem extraídos água, óleo e gás, contudo, o adequado é uma proporção menor de água. Os técnicos da Petrobras estão avaliando o que está ocorrendo em Campos uma vez que a produção estacionou em 2009, extraiu 1,69 milhão de barris diários, em 2010 produziu 1,54 milhão. O recorde de 2009 permanece. Assim, sem aumento de produção não há aumento do valor do ativo, só que os custos de produção sempre aumentam. Será que o petróleo na Bacia de Campos está acabando, ou ainda resta um repique com o plano emergencial? O  adjetivo emergencial é sintomático... ?  No segundo trimestre foi divulgado que a empresa abandonou 41 poços perfurados entre 2009 e 2012.
  ...Aquilo que não me destrói fortalece-me...Nietzsche                                                          



                                                                       Previsão de investimento até 2016 e diluição do capital. O  programa de investimentos da Petrobras, que prevê o dispêndio de US$ 236,5 bilhões até 2016. A quantia é uma bolada, por sinal, tirar o petróleo do pré-sal não será fácil. Será que a empresa, logicamente, não agora, mas daqui a alguns anos, não será obrigada a emitir mais ações provocando novas quedas dos ativos, como ocorreu em 2010 quando os ativos foram fixados em torno de R$ 25,00? Alguns meses antes podiam ser vendidos por mais de R$ 35,00, fica esta pergunta no ar.

                                                             .

...Bacia de Campos, uma premissa da Petrobras...

                                                            Duelo verbal entre o ex-presidente Sérgio Gabrielli X Graça Foster. Este tópico é um exemplo da nocividade da interferência política na empresa e, indicativo de várias afrontas ao artigo 37 da Constituição Brasileira onde se diz que a administração pública se pautará pela legalidade, moralidade, impessoalidade e outros princípios. Após Graça Foster assumir a presidência da empresa em 2012 surgiram controvérsias entre ela e o seu antecessor. Estes fatos, aparentemente uma sensaboria, na verdade é sintomático, indicativo de algo. Um acusando o outro, ambos do mesmo partido político. Destarte, este lado político, o viés político sempre ronda o ativo como se fosse um fantasma medonho assustando os cautelosos. Graça criticou as metas irreais da Petrobras e reduziu de 3,1 milhões para 2,6 milhões a estimativa de produção de barris/dia em 2016, além de ter cancelado projetos de várias refinarias. Nesta briga sobra para Colin Foster, marido de Graça, o qual é consultor na área de energia e já entabulou mais de 40 contratos com a estatal.  Ainda, nesta guerra de foices no escuro, circula na internet um dossiê apócrifo noticiando que Gabrielli teria uma parceria informal com Eike, dono da OGX.

...guerra de foices no escuro...
                                                              Coloque na conta do Abreu. A empresa é um exemplo da dilapidação do patrimônio público. A administração foi loteada para atender interesses políticos. Permanece inexplicado o aumento dos custos de construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cujo orçamento passou de US$ 2,3 bilhões, em 2005, para US$ 20,1 bilhões, em 2012.

                                                             Segundo Trimestre de 2012. O segundo trimestre de 2012 foi na verdade um banho de água fria nos ativos PETR3 e PETR4 pois o prejuízo foi a bolada de R$ 1,346 milhões de reais. Muitos esperavam lucro em torno de 7 bilhões e outros até mais, por aí vejam a discrepância dos resultados com a dos analistas. Neste trimestre eles erraram feio. Fazendo uma comparação com o segundo trimestre de 2011 o lucro líquido foi de 10,943 bilhões de reais. É a primeira vez que a estatal apresenta resultado negativo em 13 anos, o último foi no primeiro trimestre de 1999 quando registrou prejuízo de R$ 1,539 bilhão de reais. Este prejuízo de 1999 foi consequência da forte desvalorização cambial de 42,8% no trimestre. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi obrigado na época a abandonar a nossa famosíssima âncora cambial. Quem entende um pouquinho de economia já sabe que âncora cambial não funciona por muito tempo ou funciona um tempo suficiente para se ganhar uma eleição. Ora, tomem tento, agora no começo do ano de 2012, veio nova desvalorização cambial e novo prejuízo. Assim, o prejuízo pode não se repetir e ser pontual. Agora, quando houve desvalorização cambial, fato tratado com pouca importância, nenhum analista se lembrou deste detalhe e de um eventual prejuízo, falavam que a desvalorização era neutra para a empresa. Vimos, por duas vezes que não é. Fica a lição. Uma desvalorização cambial significa que somos mais pobres em relação às outras moedas na mesma proporção da desvalorização, até os ativos ficam mais baratos, por isso, eles nem caem, uma vez que já caíram em relação ao dólar como moeda de referência e os investidores estrangeiros passam a comprar estes ativos com menos dólar. Ou seja, o investidor estrangeiro ganha, quem está preso e cumprindo pena no Brasil, perde. Desvalorização cambial também traz misérias.


                                                           Preços demagógicos da gasolina e do diesel. A defasagem dos preços da gasolina e do óleo diesel alcançaram valores de 15% e 17%, respectivasmente, este fato também explica o resultado ruim do primeiro trimestre de 2012. Foi por isso que o consumo de gasolina subiu 17% em 2011, e, nos primeiros seis meses de 2012, já é de 7%. Como as refinarias não têm mais capacidade para novos aumentos de produção, a empresa tem de importar mais gasolina do que em 2011 e vender mais barato internamente. O uso do álcool, outrora fundamental, perde espaço com esta política de preços e fé no pré-sal brasileiro.

                                                                    Lucro nos quatro trimestres de 2011 e no primeiro de 2012. Foram, respectivamente, de R$ 11,00, R$ 10,9, R$ 6,3, R$ 5,1 e R$ 9,2, todos em bilhões de reais. Assim, esta base comparativa com o segundo trimestre, em um primeiro momento é assustadora mas pode ser pontual. Na data de 6 de Agosto de 2012 os ativos após apresentarem quedas de mais de 5% acabaram fechando o dia com leves altas. Não houve nenhuma queda avassaladora como muitos chegaram até a prever. O mercado ainda tem fé na empresa, o que deduzimos. Outros trimestres devem ser apresentados para uma melhor visão do futuro da empresa.


                                                                    Em 12/12/2012 um fundo que acredita na Petrobras.
A Petrobras informou nesta data que a gestora Aberdeen Asset Management atingiu em 3 de dezembro/2012, participação acionária de 5,01% em suas ações preferenciais. A participação corresponde a 14.923.670 ações preferenciais e 132.936.369 ADRs (American Depositary Receipts), que correspondem a 265.872.538 papéis preferenciais. É uma boa notícia, o risco é se a gestora desistir do ativo e despejar estes cinco por cento no mercado.